19 de dezembro de 2024 Doar
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[Entrevista]: Papa fala com os jornalistas após sua viagem aos países bálticos

Papa Francisco: | Hannah Brockhaus/ACI Prensa

Esta terça-feira o Papa Francisco concedeu uma conferência de imprensa no voo que o levou da Estônia a Roma, logo depois de realizar uma visita apostólica que incluiu outros dois países bálticos, a Lituânia e a Letônia.

A seguir apresentamos a íntegra da entrevista coletiva do Papa Francisco, que esteve acompanhado pelo porta-voz do Vaticano, o leigo norte-americano Greg Burke:

Greg Burke:

Boa noite Santo Padre e, acima de tudo, obrigado. Três países em quatro dias, não foi nada fácil. Foi cansativo, talvez um pouco menos que quatro países em três dias... E parecia até que se tratava de quatro países em quatro dias, porque no primeiro dia houve esta surpresa da China (referindo-se à assinatura do acordo entre a China e o Vaticano). Procuremos permanecer no tema e falar da viagem, e certamente começaremos com os jornalistas locais de cada país e busquemos nesta conferência de imprensa falar apenas da viagem aos Países Bálticos.

Papa Francisco:

Primeiramente agradeço o trabalho que têm feito porque também para vocês percorrer três países em quatro dias não é fácil, sobre tudo mover-se de um lado para outro... é fatigante.

Agradeço muito o serviço que oferecem às pessoas sobre esta viagem porque é importante a comunicação sobre o que aconteceu ali. E aconteceram coisas muito importantes nesta viagem, aguardo as suas perguntas.

Jornalista da Lituânia:

Obrigado Santo Padre por este momento e acima de tudo por esta viagem. Quando em Vilnus você falou da alma lituana dizia que devemos ser a ponte entre o Leste e o Oeste, mas não é fácil ser uma ponte quando os outros atravessam por ela o tempo todo. Alguns dizem: nossa tragédia é estarmos no meio dessa ponte. Talvez as pessoas digam: sem dúvida é melhor decididamente cruzar para o lado do Ocidente, com seus valores. Mas pensava, o que significa ser uma ponte?

Papa Francisco:

Evidentemente que hoje, politicamente, são parte do Ocidente, da União Europeia. Fizeram muitos esforços para entrar na União Europeia, depois da independência cumpriram com todos os requisitos que não são fáceis de preencher e chegaram a ingressar na União Europeia, e isto representa uma pertença ao Ocidente, mas também têm relações com a OTAN, vocês pertencem à OTAN, o qual remete ao Ocidente. Se vocês olharem ao Oriente, ali está sua história e uma história dura. Mas também uma parte trágica da vossa história veio do Ocidente, dos alemães, dos poloneses, mas sobre tudo do nazismo, correto? Isso veio do Ocidente.... E do Oriente, o Império Russo.

Fazer pontes supõe, exige, fortaleza. Fortaleza não só de pertença, mas sim da própria identidade. Sou consciente de que a situação dos três países bálticos é sempre um perigo, sempre; existe sempre o temor da invasão, a própria história nos recorda isso. Você tem razão quando diz que não é fácil, mas esta é uma partida que se joga a cada dia, passo a passo, com a cultura, com o diálogo, mas não é fácil e acredito que a obrigação de todos nós é ajudá-los nisto; não só ajudá-los mas ser próximos, com o coração.

Greg Burke:

A próxima pergunta é de Gints Amolins da Rádio da Letônia

Santidade, nos países bálticos você falou sempre da importância das raízes e da identidade. Da Letônia, Lituânia e Estônia há muita gente que partiu para países mais prósperos; tantos que já estão pondo as raízes em outro lugar. Além disso há problemas demográficos, como a baixa natalidade. Nesta situação, o que podem e devem fazer nossos países, os líderes de nossos países e também cada um pessoalmente? Como se deve aproximar a este problema? Obrigado.

Papa Francisco:

Na minha pátria, não conhecia ninguém da Estônia nem da Letônia, porém, sim é muito forte, aliás, relativamente forte, a imigração lituana: na Argentina há muitos. E eles levaram para lá sua história, cultura, e são bravos no duplo esforço de inserir-se no país novo e também de conservar a identidade, através de suas festas, com os muitos trajes e cantos tradicionais que trouxeram e sempre que podem retornam à sua pátria para visitar.

Eu acredito que a luta para manter a identidade os faz muito forte, e vocês têm uma identidade forte, uma identidade forjada no sofrimento, na defesa, no trabalho, na cultura. O que se pode fazer para defender a identidade? O recurso às raízes, isto é importante. É uma coisa antiga, mas é uma coisa que deve ser transmitida. A identidade se insere na pertença a um povo, e a pertença a um povo posteriormente transmite a identidade. As raízes são transmitidas às novas gerações e isto se faz com a educação e com o diálogo, acima de tudo entre os idosos e os jovens e devem fazê-lo porque sua identidade é um tesouro. Cada identidade é um tesouro concebido como pertença a um povo.

Greg Burke: Obrigado Santo Padre. Agora, Evelyn Kaldoja da Estônia

(...) Na homilia de hoje você mencionou que há alguns problemas e ameaças com as armas e seu uso. Considerando onde estávamos, na mesma praça onde alguns soldados da OTAN estavam ali para oferecer segurança, talvez muitos pensaram na situação das fronteiras da Europa do Leste. Que tão preocupado você está com as tensões ali? E também se preocupa pelos católicos que vivem nas fronteiras da Europa?

Papa Francisco:

A ameaça das armas... Hoje as compras mundiais de armas são escandalosas. Diziam-me que com o que se gasta em armas em um mês se poderia dar de comer a todos os famintos do mundo durante um ano. Não sei se será verdade. É terrível. A indústria, o comércio das armas, também o contrabando das armas é uma das maiores corrupções. E diante disto está a lógica da defesa. Davi foi capaz de vencer com uma funda e cinco pedras, mas hoje não existem os Davis. E acredito que para ordenar um país é preciso haver um razoável e não agressivo exército de defesa. Razoável e não agressivo. Assim a defesa é lícita e é também uma honra defender a pátria. O problema vem quando este se converte em agressivo e irrazoável e surgem as guerras de fronteira.

Sobre as guerras de fronteira temos tantos exemplos, não só na Europa para com o Leste; mas também em outros continentes. Briga pelo poder, colonizar um país. Este é no meu parecer a resposta à sua pergunta. É escandaloso hoje o lucro da indústria das armas em um mundo faminto. Segundo, é lícito e razoável ter um exército para defender as fronteiras, porque isto é honrável, tal como é lícito ter a chave da porta de casa.

Greg Burke: A próxima pergunta será de Vykintas Pugagiauskas LRT (Lithuanian Radio television):

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Santo Padre, em todos os países bálticos você professou a abertura aos migrantes, abertura para acolher os demais, mas, por exemplo na Lituânia já houve uma discussão sobre uma moça que você cumprimentou no avião e ela não parecia exatamente lituana. Ela era parte italiana, um pouco mais escura. Então minha pergunta é: as pessoas nos países bálticos só escutam o que querem escutar de você, em vez de escutar o que você realmente quer lhes dizer? Acha que escutam sua mensagem sobre a abertura?

A mensagem sobre a abertura aos migrantes está bastante avançada em seu povo. Não há focos fortes populistas, não. Tanto Estônia como Letônia, são povos abertos que têm desejo de integrar os migrantes, mas não de forma massiva, porque não se pode integrá-los com as medidas vigentes de prudência do governo. Falamos com dois dos três chefes de Estado sobre isto e o assunto foi trazido por eles, não por mim, e nos discursos dos presidentes você verá que a palavra acolhida, abertura, é frequente. Isto indica um desejo de universalidade na medida que se possa obtê-la. A medida em que se integrem, isto é muito importante, na medida que não seja uma ameaça contra a própria identidade. São três coisas que compreendi sobre a migração do povo. Isto me tocou muito: abertura prudente e bem pensada. Não sei se você pensa outra coisa.

Eu acredito que sim (recebeu-se a mensagem). Neste tom que digo, porque hoje o problema dos migrantes em todo mundo, e não só a imigração externa, mas também interna, nos continentes é um problema grave. Não é fácil estudá-lo, em cada lugar ele tem diversas conotações.

Greg Burke:

Santo Padre, as perguntas sobre a viagem terminaram.

Papa Francisco:

Queria lhes dizer algumas coisas sobre alguns pontos da viagem que vivi com um especial impacto. Me refiro ao fato de sua história, da história dos países bálticos. Uma história de invasões, de ditaduras, de crimes, de deportações.

Quando visitei o Museu em Vilna. Museu é uma palavra que nos faz pensar no Louvre, mas esse museu é um cárcere onde os detidos por razões políticas ou religiosas, eram levados. Vi celas do tamanho deste assento, onde solo se podia estar de pé, verdadeiras celas de torturas. Vi lugares de tortura onde, no frio que faz na Lituânia, levavam os prisioneiros nus, jogavam água neles e os deixavam ali por horas, para quebrar sua resistência.

E logo estive naquela sala, o salão das execuções. Ali levavam à força os prisioneiros e simplesmente os matavam com um tiro na nuca, logo os jogavam numa esteira rolante até um caminhão que os atirava no bosque, em algum lugar distante... matavam mais ou menos 40 pessoas por dia.

Ao final foram cerca de 15 mil pessoas foram assassinadas naquele lugar. Isto faz parte da história da Lituânia, também dos outros países, mas o que eu vi era na Lituânia.

Depois fui ao lugar do grande gueto, onde eram assassinados milhares de judeus, logo na mesma tarde fui ao monumento em memória dos condenados, assassinados, torturados e deportados. Esse dia, digo-lhes a verdade, acabei destruído. Fiquei a pensar na crueldade humana, mas lhes digo, mesmo com toda a informação que temos hoje a crueldade não terminou. A mesma crueldade hoje se encontra em muitos lugares de detenção. Hoje ela é encontrada em muitos cárceres, também a superpopulação de um cárcere é um modo de tortura, de não viver com dignidade.

Hoje, uma prisão que está planejada para não dar ao prisioneiro a esperança da saída já é uma tortura. Logo vimos na televisão a crueldade dos terroristas do ISIS:  esse piloto jordano queimado vivo, os cristãos coptos degolados na praia de Líbia, e muitos outros. Hoje a crueldade não terminou. Em todo mundo se vê e esta mensagem é a que quero dar os jornalistas. Isto é um escândalo, um escândalo grave de nossa cultura e de nossa sociedade.

Outra coisa que vi nestes três países é o ódio à religião, qualquer que seja. O ódio. Vi um bispo jesuíta na Lituânia ou Letônia, não recordo bem, que viveu como deportado na Sibéria durante dez anos, logo foi para um campo de concentração e hoje é um ancião. Muitos homens e mulheres que para defender a própria fé que está em sua identidade, foram torturados e deportados à Sibéria jamais retornaram ou foram assassinados.

A fé destes três países é imensa, é uma fé que nasce do martírio e isto é uma coisa que, talvez vocês viram ao falar com as pessoas, realizando seu trabalho de jornalistas para obter notícias daquele país. Logo esta experiência de fé tão importante gerou um fenômeno singular nestes países, uma vida ecumênica como não há em outros, sumamente generalizada. Há um verdadeiro ecumenismo: ecumenismo entre luteranos, batistas, anglicanos, também os ortodoxos.

Ontem na catedral da Letônia, no ato ecumênico, nós o vimos. Uma grande coisa: irmãos, próximos, uma só Igreja, próxima. O ecumenismo tem suas raízes.

Também há outro fenômeno nestes países que é importante estudá-lo. Talvez vocês podem fazer muitas coisas boas em seu ofício estudando isto: o fenômeno da transmissão da cultura, da identidade e da fé.

Geralmente, esta transmissão era feita pelos avós. Por que? Porque os pais trabalhavam, o pai e a mãe trabalhavam e tinham que estar sindicalizados no partido, no caso soviético, ou sob a ideologia do nazismo e eram educados como ateus. Mas os avós souberam educar os netos na fé e na cultura. Em um tempo em que na Lituânia estava proibido o uso da língua lituana e ela foi retirada das escolas, quando iam a um serviço religioso, protestante ou católico, as autoridades tomavam os livros de oração para ver se estavam em língua lituana, russa ou alemã...Muitos, uma geração inteira, aprenderam nessa época a língua materna do seu país graças aos avós. Os avós que ensinavam a escrever ou a ler a língua materna. Isto nos faz pensar que seria belo algum artigo ou serviço televisivo sobre a transmissão da cultura, da língua, da arte, da fé em momentos de ditadura, de perseguição. Na época isto era impensável, pois os meios de comunicação nesse tempo eram poucos, como as rádios, e estavam tomadas pelo Estado.

Quando um governo se converte ou quer converter-se em ditatorial, a primeira coisa que faz é tomar os meios de comunicação. Isto gostaria de sublinhar.

O Papa respondeu também a uma pergunta de Stefanie Stahlhofen, da rádio austríaca CIC, sobre os casos de abusos sexuais:

- Santo Padre, no encontro ecumênico em Tallin você disse que os jovens diante dos escândalos sexuais não veem uma condenação clara de parte da Igreja Católica. Na Alemanha se publicou hoje uma nova investigação sobre os abusos sexuais e como a Igreja tratou muitos destes casos...

Papa Francisco:

Pois bem, agora falo sobre o encontro com os jovens que tivemos hoje. Os jovens se escandalizam. Introduzo aqui a primeira pergunta que era sobre algo distinto da viagem. Os jovens se escandalizam da hipocrisia dos mais velhos. Escandalizam-se com as guerras, com a incoerência, com a corrupção, e nisto da corrupção entra o que você dizia sobre os abusos sexuais.

É certo que há uma acusação contra a Igreja. Todos sabemos e conhecemos as estatísticas, eu não as direi, mas ainda que houvesse um só sacerdote que abusa de um menino ou uma menina, isto é monstruoso porque esse homem foi eleito por Deus para levar a criança ao Céu.

Entendo que os jovens se escandalizem com esta corrupção tão grande. Sabem que ela está em todo lugar, mas na Igreja é mais escandaloso porque na Igreja se deve levar as crianças a Deus e não destruí-las.

Os jovens buscam traçar seu caminho em base à experiência. O encontro dos jovens hoje foi muito claro: eles pedem ser escutados. Pedem escuta. Não querem fórmulas fixas. Não querem um acompanhamento "diretivista".

A segunda parte desta pergunta que foi a primeira depois das perguntas sobre a viagem, era que a Igreja não faz as coisas como devido neste campo, punindo esta corrupção...

Tomo, por exemplo, o relatório da Pensilvânia, e vemos que nos primeiros 70 anos houve muitos sacerdotes que caíram nesta corrupção. Logo em um tempo mais recente diminuiu, porque a Igreja se deu conta que devia lutar de outro modo.

Em tempos antigos estas coisas eram cobertas, também em casa, quando o tio violentava a sobrinha, quando o pai violentava os filhos, encobria-se porque era uma vergonha muito grande. Era o modo de pensar dos séculos passados ou do século passado.

Há um princípio que me ajuda muito a interpretar a história: um fato histórico é interpretado com a hermenêutica da época em que ocorreu, não com uma hermenêutica ditada pelo hoje. Por exemplo, o indigenismo. Houve tantas injustiças e brutalidades, mas isto não pode ser interpretado com a hermenêutica de hoje quando temos outra consciência. Um último exemplo: a pena de morte. O Vaticano, quando era estado, contemplava a pena de morte. O último punido foi decapitado em 1870 aproximadamente, era um moço. Mas logo a consciência moral cresce.

É certo que sempre há lacunas e penas de morte disfarçadas. "Ah, você é velho, você causa aborrecimentos, então não te dou os remédios", e assim vai... É uma condenação à morte social dos tempos de hoje. Acredito que com isto respondi: a Igreja... tomo o exemplo da Pensilvânia. Olhem as proporções e verifiquem que quando a Igreja tomou consciência disto ela pôs tudo de sua parte.

Nos últimos tempos assinei muitas, mas muitas condenações a clérigos por parte da Congregação para a Doutrina da Fé e sempre disse "adiante, adiante". Nunca assinei, depois de uma condenação, um pedido de indulto. Com este tema não se negocia, não há negociação.

A entrevista foi encerrada com uma pergunta do jornalista Antonio Pelayo, da revista Vida Nueva sobre o Acordo entre a China e a Santa Sé:

Santo Padre, há três dias se assinou um acordo entre a Santa Sé e o governo da República da China. Pode nos dar alguma informação sobre seu conteúdo? Porque alguns católicos chineses, em particular o Cardeal Zen, acusam-no de ter vendido a Igreja ao governo do Pequim após muitos anos de sofrimento. Como responde a estas acusações?

Papa Francisco:

Este é um processo de anos. Um diálogo entre a comissão vaticana e a comissão chinesa para sistematizar a nomeação de bispos.

A equipe vaticana demorou muito. Queria citar alguns como Monsenhor Celli, que com muita paciência acudiu ao diálogo que durou anos. Anos! Também o padre Rota Graziosi, um humilde sacerdote da cúria de 72 anos que queria deixar os trabalhos no Vaticano e servir como pároco, desejava ir a uma paróquia, mas decidiu ficar na Cúria para ajudar neste processo.

E logo, o Secretário de estado que é um homem muito devoto, o Cardeal Parolin, mas que tem também uma especial devoção à observação. Ele revisa cada acento, ponto e vírgula de todos os documentos. Isto me dá uma segurança muito grande. Também esta equipe com estas qualidades seguiu adiante.

Vocês sabem que quando se faz um acordo de paz ou uma negociação, as duas partes perdem algo. Esta é a lei. As duas partes perdem, e se segue adiante. E isto seguiu adiante. Dois passos adiante, um atrás, dois adiante, um atrás. Logo aconteceram os meses sem diálogo e então chegou o tempo de falar, que parece com o tempo chinês, lentamente. Isto é sabedoria, a sabedoria dos chineses.

E sobre os bispos que estavam em dificuldade foram estudados caso por caso. Para cada bispo fizeram um expediente e estes expedientes chegaram à minha escrivaninha. E eu fui o responsável por assinar cada caso dos bispos. Logo o caso do acordo retornou, os rascunhos estavam no meu gabinete, conversava-se, eu dava minhas ideias, outros discutiam e seguíamos adiante.

Penso na resistência, nos católicos que sofreram. É certo, e eles sofrerão. Sempre, em um acordo, há sofrimento, mas eles têm uma grande fé, e eles escrevem, fazem chegar suas mensagens. O que diz a Santa Sé, o que diz Pedro é para eles o que diz Jesus. Se a fé martirial destas pessoas hoje segue adiante é porque são grandiosos!

Eu lembro, eu o assinei. Ao menos as cartas plenipotenciárias para assinar esse acordo fui que eu assinei. Eu sou o responsável. Os demais nomes que citei trabalharam neste assunto por mais de dez anos. Não é uma improvisação, e sim um caminho, um verdadeiro caminho.

E por último conto uma breve história e um dado histórico. Duas coisas. Quando saiu aquele famoso comunicado de um ex-núncio apostólico, os episcopados do mundo começaram a me escrever, dizendo claramente que se sentiam próximos, que rezavam por mim... Os fiéis chineses escreveram e a assinatura deste escrito era do bispo, digamos da Igreja tradicional católica e do bispo da Igreja Patriótica, os dois juntos e os fiéis juntos com eles. Para mim foi um sinal de Deus.

E a segunda coisa, uma história também. Não esqueçamos que na América Latina, graças a Deus isto já foi superado, mas não esqueçamos que por 350 anos foram os reis de Portugal e Espanha quem nomeavam os bispos e o Papa só lhes dava a jurisdição. Não esqueçamos o caso do Império Austro-húngaro. Maria Teresa se cansava de assinar nomeações de bispos e o Vaticano dava a jurisdição, eram outras épocas. Graças a Deus! Que não se repitam.

Mas isto não significa que eles nomeiem, não! Mas é um diálogo sobre eventuais candidatos. A coisa se faz em diálogo, mas, quem nomeia é Roma, quem nomeia é o Papa. Isto é claro. E rezamos pelos sofrimentos de alguns que não entendem ou que têm em suas costas muitos anos de clandestinidade.

Agradeço muito isto. Disseram que o jantar está pronto e o voo não é muito longo. Obrigado por todo seu trabalho e rezem por mim.

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